Quem é o líder de facção, alvo de operação com 7 mortes, que ordenou guerra do tráfico de dentro da cadeia no Sergipe

Investigações apontam que Michell Pena, mesmo preso, ordenou assassinatos e roubos. Há 8 anos, ele arquitetou tocaia que terminou com a morte de PM: ‘Inequívoca periculosidade’
Apontado pela Polícia Civil do Sergipe como o líder de uma facção criminosa responsável por assassinatos em disputas territoriais pelo tráfico de drogas e assaltos, Michell Silva Pena, de 27 anos, vinha dando ordens a seus subordinados de dentro da cadeia, no Complexo Penitenciário Manoel Carvalho Neto, em Sergipe, até acabar se tornando alvo de uma grande operação, nesta quarta-feira, que mobilizou cerca de 100 policiais. A ação terminou com cinco mortos em confrontos com agentes, dois suspeitos presos e buscas no presídio, que encontraram celulares e uma série de anotações da organização criminosa.
A quadrilha liderada por Michell, segundo os investigadores, vem cometendo uma série de crimes nas regiões de Cristianápolis e Tomar Geru, e a disputa por territórios com uma outra facção, do conjunto Parque dos Faróis, em Nossa Senhora do Socorro, vem gerando uma guerra sangrenta entre pistoleiros e traficantes. “O atrito tem gerado acirrada rivalidade entre os subgrupos criados dentro do crime, causando conflitos armados e violentos, inclusive no Sul do estado”. Mas quem é este homem que, de acordo com a polícia, vem tocando o terror no estado?
Michell está preso desde 2015, quando foi detido em flagrante, com outros três comparsas, pela morte do sargento da Polícia Militar Nabal Gomes Menezes, numa emboscada que ainda deixou um outro homem, Aharon Souza Andrade, ferido. Ele tinha apenas 19 anos e, na decisão que o manteve preso, a Justiça já afirmava que ele e os outros suspeitos “eram contumazes no submundo do crime”. Pena já respondia nesta época por outros crimes de roubo, ” o que denota a inequívoca periculosidade”, acrescentou o juiz José Marcelo Barreto Pimenta, responsável pelo processo à época.
Michell monitorou vítima por ‘muitos meses’
A denúncia apresentada pelo Ministério Público do Sergipe na época do crime narra que Michell, “há muitos meses”, vinha monitorando a atividade de Aharon. Ele realizava vendas e cobrava valores para a distribuidora de alimentos onde trabalhava e estava sempre carregando grandes quantias com ele. O sargento Nabal trabalhava justamente fazendo sua segurança.
No dia 6 de outubro, por volta das 9h da manhã, segundo o MP, Aharon se dirigia para uma de suas vendas, quando, ao estacionar o carro, foram abordados por Michell Silva Pena e seus três comparsas, que estavam num Fiat Palio branco. Eles fecharam a rua e anunciaram o assalto.
Morte de sargento há 8 anos: criminosos fugiram para matagal após o crime com carro usado na empreitada — Foto: Divulgação / PM-SE
Neste momento, ainda de acordo com o inquérito, Nabal teria sacado uma pistola. A reação ao assalto deu início a uma intensa troca de tiros e o policial acabou atingido na cabeça. Morreu no local. Aharon, por sua vez, ficou abaixado dentro do veículo onde eles estavam, e acabou atingido no braço esquerdo. Eles fugiram, mas acabaram capturados horas depois, naquele mesmo dia, escondidos num matagal. O revólver calibre .38 usado no crime foi encontrado com Michell.
Operação com mortes
Os presos na ação desta quarta-feira foram identificados como Tatiane Conceição Oliveira e Anderson Bispo dos Santos. Segundo a polícia, os cinco mortos trocaram tiros com agentes durante a operação e tinham antecedentes criminais e ligação com a facção criminosa investigada. São eles:
- Mayke Reis Souza (com passagem por tráfico de drogas)
- Edemilson Santos da Costa (com passagem homicídio)
- Denisson Batista Silva (com passagem roubo, homicídio e tráfico de drogas)
- Eduardo Pinto Primo (com passagem tráfico de drogas)
- Roberto Pinto Primo (com passagem drogas e homicídio)
- Henrique da Silva Santos (com passagem drogas e roubo)
- Valdeir Luiz Santos (com passagem tráfico e violência doméstica)
As investigações também apontam que existem fortes indícios de que um homicídio consumado e outros cinco tentados, ocorridos nos meses de agosto, setembro, outubro e novembro deste ano, todos em Cristinápolis, tenham sido praticados em razão da disputa pelo controle de pontos de vendas de entorpecentes e do comando da facção de Michel.
Fonte: O GLOBO